sexta-feira, 11 de novembro de 2011

SER ANIMALISTA É SER ESPIRITUAL MAS NÃO RELIGIOSO!

I - A DIVINDADE É E ESTÁ EM TUDO O QUE NOS RODEIA!


 Um ser humano que gosta dos animais, defende com toda a naturalidade que tem à sua frente um irmão, que tal como ele é filho da natureza.
E por isso o animalista não tem barreiras em entender que o animal que tem à sua frente, tem cérebro (e o cérebro serve para quê?) , tem órgãos sensoriais como nós seres humanos temos, e tem um sistema nervoso análogo ao dos seres humanos, ou seja o animalista não tem qualquer barreira que o iniba de considerar o animal que tem á sua frente como um animal senciente, com capacidade de sofrimento e com capacidade de prazer.
Na sua gíria quotidiana os seres humanos que têm animais em casa com os quais convivem, (o cão, o gato, ...) apercebem-se que de facto os afectos mútuos desenvolvem-se, ou seja o ser humano apega-se afectivamente aos seus animais domésticos e vice versa.
Pois bem os animalistas, ou seja os seres humanos amigos dos animais em geral, desenvolveram essa capacidade de apreciarem os demais animais, humanos ou não humanos, domésticos ou não domésticos, como seres vivos irmãos, todos filhos da natureza (e de facto o ADN comprova essa situação, pois existem para cima de 90% de factores iguais nos seres humanos e nos animais em geral).
Como tal, essa visão generalista dos animalistas, coloca-os na situação de defenderem valores éticos de respeito e dignidade, não só pelos demais seres humanos, mas também torna naturalmente extensivo esses valores éticos de respeito e dignidade aos demais animais sejam ou não animais que convivem com os seres humanos. 
Acontece que todos nós seres humanos vivemos em sociedade, e esta exerce em nós  um efeito de aculturação, relativamente aos seus valores éticos, morais, religiosos e jurídicos em vigor no quotidiano dessas sociedades.
E particularizando em relação aos países ocidentais da Europa, todos nós fomos marcados por valores religiosos conducentes à aceitação de um Deus, uma entidade superior, omnipotente, omnipresente e omnisciente, separada de nós próprios, isto é, algo que nos é exterior e que nos impõe a sua presença, sendo que é apregoado nas nossas sociedades que esse Deus, para além de ter feito o mundo em 6 dias (o sétimo foi para descansar) , criou os seres humanos à sua imagem e semelhança!
Temos assim uma base religiosa para nos considerarmos superiores ás demais espécies de seres vivos, já que, quando nos vemos ao espelho vemos Deus (pois este fez-nos à sua imagem) , e embora saibamos que Deus nos é exterior (a tal entidade superior que viverá na estratosfera do universo) a verdade é que essa crença lava-nos a adoptar um comportamento de superioridade relativamente a todos os demais animais, os quais obviamente (no nosso cérebro)  não foram criados à imagem e semelhança de Deus (o tal Deus separado de nós, que nos é exterior) o qual se impõe a todo o universo.
Ou seja a nossa crença, alimentada pelas religiões e respectivas igrejas, num Deus omnipotente, omnipresente e omnisciente, que nos criou á sua imagem e semelhança, leva-nos a alimentar sentimentos ego e antropocêntricos relativamente aos demais seres vivos.
E por isso somos conduzidos a aceitar como ordem natural, o facto de dispormos dos demais animais para nosso belo prazer, para nosso lucro, já que uma vez que não foram criados á imagem e semelhança de Deus, não têm alma, não têm direito á dignidade , e daí até as nossas leis os considerarem como meras coisas móveis!
E os nossos valores éticos tendem a ser considerados perfeitos, de acordo com a ordem divina (estabelecida pelo Deus todo poderoso, que nos é exterior) , quando defendem valores humanistas, isto é de dignidade e respeito mútuo entre todos os seres humanos. O nosso próximo são  os outros seres humanos, pois só nós seres humanos fomos criados á imagem e semelhança de um Deus omnipotente, e como tal só nós seres humanos temos "alma" (como sabemos foi preciso muita luta para a própria  mulher conseguir ver-lhe reconhecido o direito a ter alma, e ainda hoje as igrejas religiosas em geral não reconhecem a igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres, já que Deus criou o Homem à sua imagem e semelhança ... ).
Os animalistas no entanto, e embora crentes no tal Deus omnipotente, que terá criado o mundo em seis dias e terá criado o homem à sua imagem e semelhança (ou seja Deus será um pretenso "homem -extra-terrestre -  omnipotente" que criou os homens  à sua imagem e semelhança, desenvolveram uma capacidade especial de irem para além da ordem antropocêntrica  gerada pelo Deus omnipotente, e consideram afinal que todos os animais merecem respeito e o direito ao reconhecimento da sua  dignidade.
Os animalistas de forma inconsciente, e na sua praxis,  acabam por refutar a crença de que existe um Deus omnipotente,  que lhes é exterior e lhes impõe a sua presença, e que os criou á sua imagem e semelhança, já que se colocam para além da ordem antropocêntrica gerada pela crença do Deus omnipotente, e defendem com toda a naturalidade direitos para os demais animais, e o seu direito á dignidade, como se os outros animais também tivessem sido criados á imagem e semelhança do tal Deus Omnipotente.
Os animalistas, se vivessem na Idade Média, tempo em que a Igreja tinha poder de estado, de soberania, arriscavam-se de facto a serem condenados a serem queimados vivos pela Santa Inquisição da Igreja Católica, já que ao considerarem o direito á dignidade extensivo a todos os animais, estavam afinal a negar que só os seres humanos foram criados à imagem e semelhança do Deus omnipotente, consagrado pela Igreja.
E a visão dos animalistas, quanto mais universalista se tornar, mais tenderá a defender valores éticos universais, e não apenas valores humanistas. Isto é a ordem ego e antropocêntrica  gerada pela crença num Deus omnipotente, criador do céu e da terra, e criador  do homem à sua imagem e semelhança , é posta em causa pelos animalistas pois estes, com a sua visão universalistas, defendem o direito a direitos dos animais  em geral (humanos e não humanos) e da própria natureza.
Em consequência os animalistas tornam-se "vegetarianos" , já que alimentarem-se da carne de cadáver dos outros animais, seria afinal aceitarem que os mesmo não teriam afinal o direito á dignidade, à sua alma, e como tal disporíamos das suas vidas a nosso bel-prazer.
Por isso a visão universalista dos animalistas é afinal incompatível com a ordem divina estabelecida por um Deus omnipotente extra-terrestre, e que consagra uma visão ego e antropocêntrica do homem, considerando e aceitando que os demais animais são afinal redutíveis a meras coisas ao serviço dos seres humanos e para a felicidade destes.
Os animalistas terão quando muito uma visão universalista espiritual, na qual Deus não assume forma específica e concreta, mas antes está presente de forma universal entre todos os seres vivos, e todos os seres vivos passam a ter obviamente o direito á sua dignidade.
As consequências para o quotidiano dos cidadãos são mais que evidentes: de um lado os cidadãos que acarinham a crença num Deus criador do céu e da terra, e do ser humanos à sua imagem e semelhança, e  como tal os seres humanos consideram-se superiores e senhores do próprio destino dos animais em geral. de outro lado os cidadãos que com a sua visão universalista, consideram que todos os animais têm direito á sua alma, á sua dignidade divina, e como tal , não se podem dar ao luxo de se alimentarem da sua carne de cadáver, nem podem permitir que sejam esses seres vivos submetidos á tortura e á morte, só para prazer dos seres humanos que acreditam numa visão antropocêntrica!  
Claro que quanto mais universalista for a visão dos animalistas, maior será a sua tendência a defenderem valores éticos universais e como tal, mais levados serão a adoptarem uma postura de defesa dos direitos dos animais, conducente quer a não se alimentarem de carne de cadáver desses animais, quer a defenderem o fim de todo o tipo de tortura praticado por alguns seres humanos sobre os animais (humanos e não humanos) e sobre a natureza.
Essa visão universalista pressupõe afinal que todos somos energia cósmica universal, todos somos partícula de deus, e como tal respeitar o nosso próximo como a nós mesmos, significa afinal respeitar todos os seres vivos e não vivos e a própria natureza, pois é assumido que a divindade, a energia cósmica universal,  é tudo, está em tudo,  está em todos os animais humanos e não humanos,e está na natureza.  
Como tal, os animalistas afirmam  com toda a naturalidade e coerência a sua postura solidária e de respeito mútuo  humanística, animal e ambiental.
Na postura antropocêntrica, conducente aos valores humanistas,  gerada pela crença num Deus omnipotente que criou o céu e a terra em seis dias, e que criou o homem á sua imagem e semelhança, o respeitar e amar o próximo como a nós mesmos, não ultrapassa a vertente humanista. 
Já na postura universalista, conducente aos valores éticos universais, gerada por uma visão holística do universo, a divindade está em nós próprios e em todos os seres vivos e não vivos, e como tal somos conduzidos a aceitar que o respeitar e amar o próximo como a nós mesmos, significa respeitar e amar todos os seres vivos e a própria natureza como a nós mesmos.
Na visão universalista, Deus não é (como acontece na visão antropocêntrica) um ser exterior, extra terrestre, todo poderoso, omnisciente e omnipresente, criador do céu e da terra, e do homem á sua imagem e semelhança, pois nessa visão universalista e holística do universo Deus é considerado apenas no ponto de vista espiritual, no ponto de vista de que a energia cósmica universal, a " partícula de Deus", está em tudo e é tudo, está em nós e está no próximo , e o próximo é tudo o que nos rodeia, seja um grão de areia, seja uma gota de água, seja a terra, seja o ar, seja um ser vivo.        
NAMASTÊ!



II - SOMOS TODOS FILHOS DA NATUREZA

Há diferenças entre seres humanos e não humanos?
Mas que diferenças, e quais são as principais?
Se outros animais vivem connosco, nós os amamos,
E entre humanos e não humanos, quais amamos mais?

Mas nós humanos temos cérebro, somos racionais!
Mas então, se os outros animais cérebro têm,
E dotados são dos mesmos órgãos sensoriais,
Como concordar com aqueles que isso não vêm?

E quando à custa dos animais, lucro queremos ganhar,
Também dizemos: os animais não têm sofrimento!
Mas o seu sistema nervoso, não nos deixa enganar,
Sofrem como nós, e palavras loucas leva-as o vento!

E o nosso Direito, como objectos os animais quer tratar!
Isso não é inocente:  serve para lhes retirar a dignidade,
E para nas touradas e nos circos os animais torturar!
Divertindo-nos a trata-los com requintes de crueldade!

Nos circos em camiões os animais são enjaulados!
Só para fazer negócio e um ingénuo público divertir,
Nas touradas os touros são brutalmente massacrados,
Que felicidade pode haver de os animais cruelmente ferir?

Para nos alimentarmos, podemos usufruir de frutas e vegetais,
Os quais nos podem boas proteínas e vitaminas propiciar,
Qual a necessidade de no matadouro assassinarmos animais,
Para a carne dos seus cadáveres, servir para nos alimentar?

Todos somos filhos da mãe Terra: todo o animal é nosso irmão!
Se temos alma, porque haveriam os outros animais de não ter?
Por isso devemos ser guiados pelo amor e pela compaixão,
E pelos direitos dos animais temos de lutar, doa a quem doer! 

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