sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A INSUFICIÊNCIA DOS VALORES ÉTICOS HUMANISTAS !

"Na Natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma", e como diria o Padre Teilhard Chardin, tudo na natureza tende a "uma organização mais complexa e superior".

O problema residirá no choque entre objectivos organizacionais diferentes e conflituantes, que possam brotar de cada uma das diferentes sub-categorias naturais , quando em confronto.

A nossa cultura e filosofia ocidentais tendem a consagrar a visão o antropocêntrica e o egocentrismo humanos: nós os seres humanos, seríamos o centro do universo, e teríamos  direito à felicidade, sendo os demais seres vivos e a própria Natureza, considerados por nós seres humanos, como meros objectos instrumentais ao serviço da felicidade humana.

Daí a nossa insensibilidade perante o sofrimento que causamos aos outros seres vivos sencientes, já que damos por assumida a nossa superioridade – e o nosso ego mental, encarregou-se de legitimar (racionalizar) tal situação, forjando um Deus omnipotente, omnipresente e omnisciente, que nos “criou” à sua imagem e semelhança - sobre os mesmos, e sobre a própria Natureza.

Mas esse humanismo, que tende a fazer do homem o centro do universo e a submeter todos os outros seres e a própria natureza a essa felicidade humana, está afinal a conduzir-nos para o abuso do poder sobre os outros animais e sobre a natureza, e o rumo desacertado parece desembocar  no colapso ecológico!

O exacerbar do egocentrismo, inerente a essa visão antropocêntrica tem-nos arrastado a nós seres humanos para a hiper-valorização do TER, em detrimento do SER, e nesse arrastamento, a competição por maior riqueza entre os próprios seres humanos, conduziu à própria exploração de uns seres humanos por outros seres humanos (o homem tornado lobo do homem, como nos dizia Aquilino Ribeiro).

E essa ganância do lucro, levou à concentração exagerada da riqueza em "poucas mãos", ao monopólio, e aos lucros supra-normais, os quais conduzem as sociedades a períodos cíclicos de crises económicas, a guerras entre os diferentes países, nas quais os países mais fortes, impõem os seus interesses económicos e de apropriação de recursos aos demais países, implicando que milhões de pessoas sejam marginalizadas e vivam inclusive abaixo do chamado nível de pobreza (não têm possibilidade de assegurar o seu cabaz de compras para a sua subsistência).

Importa por isso , dar valores éticos a essa visão antropocêntrica no sentido de um humanismo que promova a cooperação e o cooperativismo entre os seres humanos, e que sejam estes objectivos estratégicos a submeterem a si, os outros objectivos económico-sociais, implicando que a competição não ultrapassará o níivel da meritocracia individual e social, em prole do desenvolvimento social económico e cultural de todos.

Qual o problema de, por exemplo no nosso país, serem cumpridos os ditames explicitados na CRP quanto ao funcionamento equilibrado dos sectores público privado e cooperativo? E por que não cumprem os governos a exigência constitucional da apresentação de planos estratégicos de desenvolvimento económico-social sustentável? E haverá alguma lógica na prática constitucional deste Governo (facilitada pela cumplicidade espalhafatosa do PR!) em entregar à gestão do capital estrangeiro a gestão dos nossos recursos naturais soberanos?

Mas a ética humanista será sempre uma ética truncada, e esses valores éticos só poderão ser universais se adoptarmosa uma visão holística e biocêntrica que contemple os direitos efectivos a uma coexistência pacífica e respeitadora entre os seres humanos entre si, entre nós, seres humanos, e, os demais seres sencientes, e entre nós, seres humanos, e, a própria Natureza que nos gerou, e da qual somos parte integrante.

E como todos nós seres vivos sencientes (humanos e não humanos) somos dotados de uma unidade natural bio- psíquica e fisiológica, todos devemos ter direito, ao nosso território natural, e ao nosso desenvolvimento integral , isto é a sermos susceptíveis de direitos e a merecermos o respeito pela nossa dignidade natural inata e intrínseca.

Cabe-nos a nós seres humanos, pormos em prática essa ética universal, numa óptica de cooperação assumida, connosco seres humanos,  e com os demais seres vivos sencientes, respeitando o seu direito natural territorial, e respeitando os equilíbrios do nosso ecossistema natural.

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