sexta-feira, 11 de novembro de 2011

SER ESPIRITUAL É SER ÉTICO, E SER RELIGIOSO É ACEITAR A INJUSTIÇA E A TORTURA!!

I - SER ESPIRITUAL É DIFERENTE DE SER RELIGIOSO

Temos duas opções:
1ª- ou considerarmos que "Deus está aqui", e por isso todas as coisas estão como Deus quer, o que nos conduz ao "laisser faire, laisser passer" do liberalismo filosófico, muito conveniente aos donos da riqueza e dos recursos, seja eles os Srs. Esclavagistas, Senhores Feudais, Srs. Capitalistas, ..., os quais acumulam privilégios e riqueza à custa dos demais seres, sejam humanos, não humanos ou a natureza;
- ou consideramos que "Deus está em nós", e por isso devemos agir pelo Bem de tudo e de todos, procurando a via do equilíbrio dos interesses, maior equidade na distribuição da riqueza, maior justiça e dignidade social, ..., procurando melhorar a organização da sociedade, assumindo-nos como cidadãos pro-activos, pois "Deus estar em nós" implica não aceitarmos a submissão e a subserviência a outros senhores, ás coisas, ao dinheiro, aos privilégios, ...e implica considerar acima de tudo que devemos todos, respeitar o próximo como a nós mesmos, o que não é compatível com a submissão e exploração de seres humanos, animais, e da terra mãe, imposta por alguns seres humanos, visando a sua satisfação de privilégios e acumulação de riqueza.
Namastê significa que reconhecemos que a divindade, a energia cósmica universal,  está em nós e em todos os demais seres, e como tal que todos nós devemos ser solidários uns com os outros, solidariedade humanística, animal e ambiental, daí que a divindade que está em nós saúda a divindade que está no próximo (humano, não humano e natureza), e a divindade traduz-se em amor, amizade, compaixão e respeito mútuo, nunca em submissão versus exploração de uma divindade a outra divindade, pois aí perderiam ambos (quem impõe e quem é submetido)a sua qualidade de divindade.
Concluindo, o Espiritualista ao considerar que a divindade, a energia cósmica universal está em tudo, está em nós, está no um e no todo, é de facto incompatível, com situações de imposição (legal ou não) de submissão e exploração de alguém a alguém, pois não pode aceitar que o Deus que está em nós, seja submetido e explorado pelo Deus que está no próximo, já que isso significaria negar a própria saudação "namastê" e seria contrariar o "OM SHANTI".
Por isso o REIKI é espiritual e por isso o Budismo é essencialmente espiritual!
A situação 1ª: "Deus está aqui", é de origem religiosa, e essa sim é compatível com a submissão e exploração de seres humanos, animais e natureza , ao serviço dos privilégios e acumulação de riqueza de alguns seres humanos. O raciocínio é muito simples: se há srs. esclavagistas e escravos, se há srs. feudais e servos da gleba, se há capitalistas e proletários, ...é por que deus quer, pois Deus nessa óptica é omnipotente, omnisciente e omnipresente, e nada poderia acontecer se Deus o não quisesse ou o não permitisse, e daí a religião avalizar a exploração e submissão imposta aos escravos, aos servos da gleba aos trabalhadores (que têm de vender a sua força de trabalho para subsistirem), e ao faze-lo Deus abençoou os srs esclavagistas, os srs. feudais e os capitalistas , não sendo admissível que alguém (quem é explorado) conteste ou queira contestar essa ordem "divina" estabelecida por Deus Omnipotente!
Um religioso (católico, evangelista, judeu, islamita, ...) pode assistir em paz com a sua consciência a uma tourada, na qual o animal touro é torturado até à sua exaustão psico-física total (pois se Deus é omnipotente a tourada existe por que Deus o permite ou quer). Mas o mesmo já é impossível de acontecer com um ser humano espiritualista, pois o animal touro, tal como todos os demais seres vivos sencientes, tem também a sua divindade, pois a energia cósmica universal está em tudo e em todos. Então o espiritualista , vai querer que a tourada seja proibida, pois não pode admitir que a divindade do animal touro seja esmagada para gozo dos seres humanos ou para seu lucro. Admitir isso implicaria para o espiritualista  negar que deus está em nós, que cada ser orgânico ou inorgânico tem em si a divindade, a energia cósmica universal, seria negar que se deus está em nós, então a nossa consciência obriga-nos a lutar pelo fim da tortura seja ela exercida sobre quem for (humanos, não humanos e natureza). O espiritualismo só é compatível com o lema de "ama e respeita o próximo como a ti mesmo", e o nosso próximo é tudo o que nos rodeia.
Namastê! OM SHANTI!




 II - A EXPLORAÇÃO É INCOMPATÍVEL COM O AMOR E O RESPEITO AO PRÓXIMO!

Parece-me que muitas das incongruências que se estão verificando na nossa sociedade e nas pessoas estão marcada pela "derrota" da competição: a competição, submetendo a si todos os demais objectivos, arrasta-nos para o egocentrismo e egoísmo exacerbado, torna-nos insaciáveis na ânsia da acumulação da riqueza, destrói a concorrência e dá lugar ao monopólio, à ganância do lucro supra-normal, à concentração da riqueza em poucos e à pobreza e  exclusão social e económica de muitos.


Bonitos discursos sobre a necessidade da "inclusão" dos marginalizados pelo sistema, ou sobre a necessidade de sermos voluntários e caritativos, não resolvem os problemas, pois a sua causa reside no sistema de competição, que caracteriza a nossa economia de mercado actual, a qual gera e aumenta os problemas da pobreza e da exclusão social, porque assenta a sua base numa desenfreada exploração do homem pelo homem.


É imperioso mudar a agulha, da competição para a cooperação, de tal forma que seja a cooperação entre as pessoas que submeta a si os demais objectivos. Através da cooperação, a visão antropocêntrica e egocentrista dará lugar a uma visão holística e biocêntrica, arrastando o respeito mútuo e a empatia para com os demais seres humanos e não humanos e para com a própria natureza.


Com a cooperação "o ser" tenderá a desalojar "o ter", o egoísmo tenderá a dar lugar à solidariedade, e tenderemos a fazer aos outros o que gostaríamos que a nós fizessem, será como que o ponto de partida para que o amor e a compaixão encontrem plena realização no nosso quotidiano.Por isso importa darmos mais valor aos valores éticos universais, respeitarmos a dignidade de todos os seres vivos sencientes (humanos e não humanos), e não pormos em causa os equilíbrios ecológicos do nosso ecossistema natural.


Afinal nós todos, seres humanos e não humanos, somos  todos  filhos da Mãe Terra, gerados pela Natureza e na mesma integrados, seja em vida seja em morte, e quer queiramos quer não, acompanhamos e estamos sujeitos aos processos incessantes da transformação da natureza. Então por que não assumirmos a nossa própria transformação no sentido de tornarmos a nossa coexistência numa base de cooperação e entre ajuda (entre seres humanos  e entre seres humanos e não humanos) e de respeito integral pela natureza? 

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