sexta-feira, 11 de novembro de 2011

COOPERAÇÃO VERSUS COMPETIÇÃO !

 Perante as práticas sistemáticas e erradas do ponto de vista do ambiente, do ponto de vista dos direitos de todos os seres vivos sencientes, e do ponto de vista de um eminente colapso ecológico, para o qual caminhamos todos, derivado da cegueira inerente à cultura antropocêntrica e egocentrista que tem condicionado a actividade económica, social e política conduzida pelos seres humanos, impõe-se como referido por Paulo Borges, a «urgência de um novo paradigma mental, ético e civilizacional que veja que as agressões aos animais e à natureza são agressões da humanidade a si mesma, que não separe as causas humanitária, animal e ecológica e que reconheça um valor intrínseco e não apenas instrumental aos seres sencientes e ao mundo natural».
O problema que legitimamente se pode levantar, será o de , apesar de ser necessário esse paradigma novo, as práticas erradas continuarem, e continuamos portanto a dar um passo em frente para o abismo, o que nos leva a questionar "QUE FAZER".
Sabemos que as ideias são forças que em crescendo ganham uma extraordinária força material, capaz de mover montanhas!
Mas o sistema económico-social e político, assenta em bases egocentristas extremas, e pratica a lógica da competição, da ganância máxima, da concentração, do monopólio, do lucro supra normal inerente ao monopólio, da apropriação desigual da riqueza produzida em favor dessa meia dúzia de tubarões da economia, em detrimento dos demais biliões de trabalhadores que produzem a riqueza. E claro que este sistema baseado na competição egocentrista feroz, conduz à marginalização de milhões de pessoas (só na UE são mais de 25 milhões) da vida económico-social normal.
Como mudar este sistema que se baseia na exploração do homem pelo homem, na pilhagem da riqueza animal e natural em benefício do lucro de meia dúzia de tubarões, fortemente ancorados no sistema económico-jurídico e político.
Temos de mudar as bases do sistema, ou seja, temos de substituir competição, por cooperação. Cooperação entre os trabalhadores gera união entre os trabalhadores, gera poder dos trabalhadores no seio das empresas, no seio das universidades e gera união, cooperação e poder dos cidadãos no seio da sociedade.
A cooperação institui a empatia de querer melhorar a vida das pessoas em interrelação e interacção, leva a questionar sobre o direito de explorarmos os outros seres humanos, leva a questionar e a minar o próprio sistema de competição por dentro, leva a operar-se um movimento interno corrosivo, dentro, não já de nós mas do próprio sistema.
Daí até vingar o novo paradigma ético da amor e compaixão por todos os seres vivos sencientes e de exigir respeito concreto pelo equilíbrio ecológico do nosso ecossistema natural vai um passo, já que o processo tenderá a ser global, tenderá a influir em todas as frentes maltratadas pelo sistema baseado na competição:humana, animal e natural.
Se o paradigma da "cooperação" ganhar força face ao paradigma da "competição", fica formada a argamassa que poderá dar andamento ao novo paradigma ético e civilizacional , uma vez que a "cooperação" é incompatível com a "exploração" seja de seres humanos por outros seres humanos, seja de outros animais pelos seres humanos, seja da natureza pelos seres humanos.
A força da cooperação, arrasta a empatia e o respeito mútuo, arrasta o respeito pelos outros seres e pela Natureza. Ao respeitarmo-nos uns aos outros, não temos como não respeitarmos tudo o que está à nossa volta. Por isso a argamassa, o cimento da mudança tem de começar por aí, pois é por aí que a força da competição, que está na base de todo o sistema económico-social e político que nos está a conduzir ao abismo, pode ser derrotada.
A força da cooperação, arrastará ela própria a humanidade para uma visão holística da vida, para uma visão que nos faz respeitar a existência e o contributo de todos os seres e da natureza.
Por isso a permacultura, está no caminho certo, pois pressupõe a união de esforços, a proximidade das pessoas, a cooperação entre essas pessoas. O passo que é necessário dar, é transpor essa vertente da cooperação para o seio do sistema económico competitivo, para o minar e para roer as bases da competição em que assenta.
A palavra chave de ordem, para mudar o actual sistema é a "cooperação", cooperação a todos os níveis, cooperação em todos os lugares de produção e distribuição. Esse espírito de cooperação, perfeitamente natural entre os trabalhadores quando produzem algo, tem de alastrar a todos os sectores da sociedade, e tem de alastrar ao próprio parlamento.
Se a cooperação ganhar força (e não é muito difícil que a ganhe, pois é uma palavra de facil e natural entendimento) tudo pode começar a mudar: os partidos políticos têm de começar a falar em "cooperação" se quiserem votos, as leis têm de estar informadas de "cooperação" se quiserem que sejam aceites pela sociedade, e os próprios donos do negócio têm de aceitar essa cooperação no seio das suas empresas e nos seus processos de decisão.
A competição leva à exploração desenfreada dos seres humanos e não humanos e da natureza. A cooperação, vai fazer ruir o sistema de competição, vai fazer instituir uma visão holística da vida, e passará a informar os partidos políticos e as leis do país.
Vai demorar a instituir a "cooperação" no seio das nossas sociedades? talvez, mas o caminho certo é por aí, é por aí que vamos derrotar este sistema anti-humano, anti-animal e anti-natural que está baseado na competição.
Fundamental é pormos em causa as causas determinantes da competição: a ganância pela acumulação e concentração e apropriação do lucro e da riqueza,  sobre todas as coisas, sem respeito pelos valores sociais, culturais, pelo habitat animal e ambiental.
Ao adoptarmos como natural a "cooperação" como força dos governos futuros da humanidade, já estamos na fase de corroermos o sistema actual, pois anima-nos a razão da nossa luta para instituirmos a "cooperação", junto de todos os nossos colegas de trabalho, de lazer, a todos os níveis da nossa convivência com os nossos semelhantes seja em que local for. Se assim for a "cooperação" desalojará a "competição" e o novo paradigma ético e civilizacional galopará a bem de tudo e de todos.
Paciência e persistência e prosseguir no rumo certo essa é a única via que nos resta para instituirmos um sistema económico-social e político, baseado na "cooperação" entre os seres humanos, e para os seres humanos, e do qual beneficiarão, desde o início do processo dessa "luta", todos os seres vivos e a natureza.

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