sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

NA GRÉCIA AS FAMÍLIAS EM DESESPERO JÁ ENTREGAM OS SEUS FILHOS PARA ADOPÇÃO !

A UE passou da fase da "integração económica", a qual permitiu e aprofundou a especialização internacional, e a liberalização do comércio entre os países membros.
Isso beneficiou os países membros mais fortes economicamente, daí que para compensar, e visando a coesão económico-social  entre os estados-membros, a UE tenha propiciado ajudas económico-financeiras aos países de economia mais fraca, visando permitir reformas estruturais das suas economias.
Em Portugal isso teve efeitos perversos: o dinheiro aos milhões vindos da UE foram aplicados (tempos do Governo de Cavaco Silva)  no "betão", e para piorar as grandes empresas de obras públicas lançaram-se gananciosas a esses milhões induzindo as Parcerias Público-Privadas que resultaram em autênticos sorvedouros dos dinheiros públicos em  seu favor : adjudicavam-se obras por 500 milhões e a factura final subia para o triplo (ganhavam as empresas, e mais alguém, por exemplo os partidos políticos no governo).
Vieram as  auto-estradas, mas Cavaco Silva não acautelou  nem a reestruturação da economia, nem sequer a modernização dos sectores de exportação, e deixou cair a agricultura e as pescas de subsistência, o que provocou desocupação de recursos humanos sem alternativas de emprego novo.
Sem prevenirem a União Económica (harmonização fiscal, salarial, ...) a UE avançou para a ZONA EURO, com um conjunto de países satisfazendo condições económico-sociais mínimas, mas com grande diferenciação entre esses países ao nível fiscal, salarial e de competitividade económica, e nomeadamente uma grande diferenciação quanto às suas balanças de pagamentos.
Só mesmo com grande esforço ao nível da coesão económico-social seria possível a ZONA EURO resultar.
Mas verificou-se o contrário: os países de economia forte, com superavit nas suas balanças de pagamentos  (caso típico da Alemanha) impôs mecanismos no Tratado de Lisboa (o artº 123º)  que impediam até que os países membros de economia mais débil e com balanças de pagamentos deficitárias, corrigissem  os seus crescentes desequilíbrios de competitividade económica.
De facto ao impedir que o BCE fosse banco emissor de moeda, e até que pudesse financiar directamente os estados membros da zona euro, a Alemanha colocou-se numa posição colonialista face a esses países: condenou-os a desequilíbrios crescentes e à pobreza crescente, pois a única solução disponível para esses países residia em embaratecer a mão de obra, e em aumentar os impostos, o que contribuía para estrangular ainda mais essas economias.
Daí não ser de estranhar por exemplo o aparecimento da AUTO EUROPA alemã em Portugal: os baixos custos de mão de obra portuguesa compensavam e compensam!
Toda essa situação ficou hiper agravada com a crise do "subprime" (exportada pelos EUA), em consequência da qual os défices orçamentais subiram ao nível europeu para a casa dos 9%, e a dívida soberana, também ao nível europeu, tomou proporções  não razoáveis ao aproximar-se demasiado (ou até a ultrapassar) o referencia dos PIBs desses países.
Os défices orçamentais foram provocados pelas políticas sociais, incentivadas até pela UE, e as dívidas soberanas empolaram demasiado devido em grande parte ao tal artigo 123º do Tratado de Lisboa: os Estados começaram a pagar 5% de juros aos bancos que se financiavam no BCE a 1%!!!
Chegou-se à situação actual, na qual a Alemanha (com apoio irreflectido da França) se dá ao luxo de não permitir o refinanciamento dos Estados Membros da zona euro directamente pelo BCE (taxas de 1%) , o que permitiria baixar significativamente os juros e os juros de juros que inviabilizam a resolução da crise dívida soberana, e condena pelo contrário esses países (ditos periféricos) da zona euro a estúpidos planos de austeridade, os quais AGRAVAM todos os problemas desses países e atiram esses países para os braços castrantes do FMI.
Esses países ao aceitarem obedecer à Alemanha, (caso de Portugal e da  Grécia) enveredaram pelo agravamento da recessão económica provocada pela aplicação desses planos de austeridade, os quais se tornam sucessivos, pois essa recessão económica, provoca insolvências das famílias e das empresas e agravam desmedidamente o desemprego, causando no final menor receita fiscal. E o ciclo continua ...até que alguém diga "alto e para o baile"!
O caminho para a resolução da crise das dívidas soberanas e para a retomada dos equilíbrios das contas públicas, obriga os Estados Membros da zona euro a unirem-se e a baterem o pé ao colonialismo descarado e violento da Alemanha , o qual vem condenando esses países periféricos à pobreza crescente e a uma grande miséria económico-social.
Ou o BCE se transforma num banco central emissor de moeda, e com capacidade efectiva de financiar directamente os estados membros da zona euro, ou os estados periféricos começam um a um a ficar no chamado "holocausto grego": recessão económica crescente, miséria social crescente, desequilíbrios crescentes, com necessidade de sucessivos perdões da dívida. Esse é o caminho no qual Portugal está colocado pela política económica colonial Alemã.
Se a Alemanha não quer que o BCE se assuma como banco central efectivo dos estados membros da zona euro, então só há duas soluções possíveis:
-ou se criam medidas de excepção na zona euro, permitindo de facto que o BCE financie directamente os estados membros aflitos, possibilitando a sua recuperação económico-social (ou seja , aplicam-se medidas de coesão económico-social a esses países);
-ou os estados periféricos (como Portugal e Grécia) começam a saltar da zona euro , de forma dramática, o que poderá implicar custos excessivos para esses países ao nível da desvalorização das suas moedas originais.
A Alemanha (e a França) têm grandes responsabilidades directas neste estado de coisas, já que os seus imbecis planos de austeridade agravam e continuarão a agravar a crise económico-social desses estados periféricos da zona euro.
Por isso a Alemanha e a França (os bancos alemães, franceses, ...) devem suportar os custos das desgraças que estão   directamente a provocar com a imposição de sucessivos planos de austeridade, e com a sua teimosia incrível de não ajudarem os estados Membros aflitos a serem apoiados directamente pelo BCE.
No caso concreto de Portugal, antes que fiquemos sem os anéis (o Governo já começou a venDAR as melhores empresas públicas ao capital estrangeiro)  e sem os dedos (a crise económico-social está a ficar cada vez mais insustentável, com as PMEs e as famílias a ficarem na insolvência, e a terem de facto como única alternativa a emigração (o adeus pátria), teremos de estudar a opção da saída efectiva do euro, mas com o perdão total da dívida soberana, a maior parte da qual é constituída por juros e juros de juros implicados pela posição colonialista da Alemanha e França.
Quanto mais tarde equacionarmos esta solução, mais a nossa economia definhará, e mais os portugueses serão colocados numa crescente miséria económico social, dificilmente torna irreversível, como se vê pela  actual situação grega, em que as famílias em desespero  já estão a colocar os seus filhos para adopção e até a abandona-los nas ruas.

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