sábado, 7 de abril de 2012

QUE LIBERDADE DE EXPRESSÃO ? QUE PÁSCOA ? QUE MILAGRES ? QUE RESSURREIÇÃO ?



Todas as confissões religiosas tendem a condenar a falta de liberdade de opinião e expressão, nas sociedades onde querem ganhar influência e propagar a sua "fé" e ao mesmo tempo praticam um censura rigorosa dentro da sua própria confissão religiosa, por forma a que só seja pensado e dito o que os "chefes" religiosos dessa igreja entendem que é admissível e bom para essa confissão religiosa.

Por isso as confissões religiosas se dão bem com as ditaduras que as aceitam, pois dessa forma a censura ao livre pensamento, à livre opinião e à livre expressão se tornam mais fáceis de praticar e de controlar.
Foi o caso da Igreja Católica na vigência do Salazarismo, regime com o qual manteve grande cumplicidade, pois a ditadura de Salazar propiciava à Igreja Católica o poder de controlar a (falta) de liberdade religiosa que  lhe convinha.

E a igreja católica (tal como as demais) não hesita em "ex-comungar" os seus Padres ou Bispos, que ousem apregoar filosofias libertadoras dos crentes, ou que os queiram libertar minimamente dos grilhões dos mistérios da fé e milagres absurdos, que integram o seu ritual religioso e que visam submeter os crentes aos seus (do PAPA) "desígnios da fé", ou que porventura constituam uma excelente receita anual em dinheiro para a Igreja, derivada da crendice estimulada pela própria Igreja, como acontece por exemplo no caso do "milagre" da aparição de  Fátima  às três crianças de tenra idade , com a mensagem de que a Rússia era a fonte de todos os males (sendo que como é óbvio para todo o mundo, as crianças nem sabiam onde ficava Leiria quanto mais onde ficava a Rússia, e nem sabiam o que era o capitalismo quanto mais o comunismo!).

Como referido por Anselmo Borges , enquanto o Papa, em Cuba, fazia apelo à liberdade, a comissão para a Doutrina da Fé da Conferência Episcopal Espanhola publicava uma Notificação - na prática, para a opinião pública, a condenação de mais um teólogo, Andrés Torres Queiruga,  como se a liberdade fosse para os outros e não devesse vigorar também no interior da Igreja. Vejamos  algumas linhas nucleares do pensamento do teólogo André Torres Queiruga, (utilizando para o efeito o artigo de Anselmo Borges publicado no DN de hoje), que justificam a tal condenação da "Inquisição Católica":

SOBRE OS MILAGRES

"... não há milagres no sentido da suspensão das leis que regem a natureza. De facto, os milagres supõem o que não é pensável: um Deus "intervencionista", que está fora do mundo e que, de vez em quando e de forma arbitrária, vem dentro. Ora, Deus ao mesmo tempo que é infinitamente transcendente ao mundo é infinitamente presente e activo no mundo, e é, enquanto Anti-mal, sempre Força infinita criadora e potenciadora das possibilidades das criaturas".

SOBRE OS CRENTES E ATEUS

Há uma só realidade para crentes e não crentes. O que acontece é que o crente tem a convicção de que a realidade não se esgota na sua imediatidade empírica, e essa convicção não surge porque é crente, mas porque a própria realidade, para a sua compreensão adequada, se apresenta incluindo uma Presença divina, que não se vê em si mesma, mas está implicada no que se vê. Mediante certas características - a contingência radical, a morte e o protesto contra ela, a exigência de sentido último -, a própria realidade se mostra implicando essa Presença divina como seu fundamento e sentido último. «Não se interpreta o mundo de uma determinada maneira porque se é crente ou ateu, mas é-se crente ou ateu porque a fé ou a não crença aparecem ao crente e ao ateu, respectivamente, como a melhor maneira de interpretar o mundo comum»".

SOBRE A RESSURREIÇÃO

" A fé na ressurreição é central no cristianismo, mas ela não é a reanimação do cadáver nem pode ser constatável pelos historiadores. Ela é real, mas não é um facto da história empírica. Se o fosse, seria constatável empiricamente e não era precisa a fé nem seria ressurreição". ...O que está em causa na ressurreição cristã é tão só  "a convicção de fé de que Jesus não morreu para o nada, mas para o interior da vida de Deus, que é a vida plena e eterna".

Concluindo,  diria eu que:
 As crenças religiosas tentam acompanhar da melhor forma os ciclos inerentes à Natureza, e no caso da Páscoa como fenómeno religioso tratou de se associar o "renascimento primaveril", como a ressurreição do "Messias", não no sentido da ressuscitação do seu cadáver, como grosseiramente a Igreja pretende anunciar aos seus fiéis (sempre disponíveis para acreditar em todas as patranhas que os padres lhes queiram impingir), mas no sentido da renovação da sua mensagem de esperança e de amor, por um mundo melhor para todos os seres vivos e para a mãe Terra.
   


1 comentário:

  1. Plenamente de acordo, mas numa sociedade como a nossa as pessoas tem que acreditar ainda no que lhes ainda resta. Com o agudizar da situação económica em Portugal mais do que nunca as mesmas terão que ter fé e unirem-se em torno de uma causa que conduza o País para um futuro melhor. A igreja com o desenrolar dos acontecimentos irá mudar obrigatoriamente a sua mensagem ou então cada vez terá menos fiéis.

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