domingo, 3 de junho de 2012

CAVACO E O DESEMPREGO: AS "VERDADES OCULTAS" DO PRESIDENTE!

Cavaco em matéria de combate ao desemprego, não está a ser sério com os portugueses, está a ocultar a verdade que não lhe interessa, ou como diriam na minha aldeia "está a mentir com quantos dentes tem", isso por que apenas considera o combate ao desemprego, focado apenas na problemática das exportações!
O combate sério ao desemprego, tem de partir da determinação de quais foram / são  as razões que estão motivando o incessante acréscimo de desemprego em Portugal, isto é, temos de saber  quais são as razões que têm provocado dificuldades de escoamento das produções das PME portuguesas.


1. O caso das PME exportadoras

A partir de 2002, com a adesão da China à OMC (Organização Mundial do Comércio) as PME exportadoras tiveram de se reestruturar para fazer face à ameaça concorrencial chinesa. A opção certa residiu na melhoria geral dos produtos (em qualidade, em design, na patenteação das marcas, no marketing, ...) e na melhoria da qualificação profissional dos seus trabalhadores, os quais auferem boas remunerações salariais.

As PME que assim procederam tiveram e ainda hoje continuam a ter êxito. As PME que se "deixaram andar", que mantiveram a sua competitividade com base em baixos salários e produtos indiferenciados, foram registando sucessivas dificuldades de venda e a partir de 2005 (liberalização internacional do comércio) começaram a falir em série, e as que ainda subsistiram não têm qualquer viabilidade económica a prazo.

Sem dúvida que Barroso foi apanhado nesse turbilhão de falências em série e "fugiu" para a UE à boleia do seu apoio à invasão unilateral dos EUA do Iraque. Sem dúvida que Sócrates compreendeu o problema, e tentou reforçar ao máximo a competitividade das PME exportadoras, propiciando-lhes sucessivas linhas de crédito visando a sua modernização e a qualificação dos seus recursos humanos. 

O acréscimo incessante das exportações portuguesas está ligado à "revolução tecnológica" aplicada pelos Governos de  Sócrates e ainda hoje o actual Governo beneficia com esse sucesso.
 

2. O caso das PME que produzem para o mercado interno

a) As empresas tradicionais do calçado e dos têxteis, que não se modernizaram, começaram a tentar ultrapassar as suas dificuldades de vendas (invasão de produtos asiáticos a baixo preço, a partir nomeadamente de 2005) com a crescente baixa dos salários dos seus trabalhadores. Mas essas baixas de salários eram sucessivamente "comidas" pelas subidas incessantes dos preços monopolistas da electricidade, do gás e dos combustíveis, e em consequência, mesmo mantendo baixos salários e impedindo a todo o custo a subida do já miserável salário mínimo (o qual se situa abaixo do nível de pobreza), essas PME  registam uma tendência para a sua crescente inviabilidade económica;

b) As demais PME produtoras para o mercado interno utilizam de uma forma geral tecnologia recente e trabalho qualificado, pelo que, em condições normais de mercado revelam ou revelariam viabilidade económica, não fora a introdução das "políticas de austeridade" impostas pelo pacote alemão da TROIKA, (2011)  as qauis reduziram fortemente o poder de compra dos consumidores em geral, e como tal as encomendas e o escoamento normal das produções dessas PME tornaram-se insuficientes.

c) Realce particular deve ser dado às PME produtoras de bens de substituição de importações, as quais estão sendo severamente afectadas (a partir de 2011) pelas ditas "políticas de austeridade" governamentais, e correm o risco de desaparecerem, provocando com isso uma maior dependência da economia portuguesa do exterior (Cavaco já tinha conseguido dar cabo da pequena agricultura e das pescas artesanais, chegou agora a vez das PME altamente qualificadas, produtoras de bens de substituição de importações).


3. Conclusões

a) As PME exportadoras estão bem e recomendam-se, e as exportações continuam a subir apesar da conjuntura desfavorável nos países da UE. Estas PME não foram afectadas sobremaneira pelas políticas de austeridade, e apenas deve continuar o esforço de manterem excelente qualidade dos seus produtos, e de manter a sua mão de obra altamente qualificada e bem remunerada (lembremo-nos da auto-europa);  a diversificação de mercados é também o caminho complementar para a expansão dessas PME exportadoras.

b) As PME produtoras para o mercado interno, não conseguem escoar os seus produtos pois por um lado enfrentam a concorrencia de produtos similares extremamente mais baratos vindos das produções asiáticas, e por outro lado, o seu problema acentuou-se significativamente, a partir de 2011, com a baixa significativa do poder de compra dos consumidores provocado pela  "políticas de austeridade" governamentais ( redução salarial, aumento de impostos (IRS e IVA), espoliação de rendimentos de trabalho ).

Não há a mínima hipótese de restabelecer a competitividade das PME que produzem para o mercado interno, com base na baixa dos salários: os produtos similares de qualidade média e baixa, vindos da Ásia (chineses, indianos, paquistaneses, etc.,) serão sempre mais baratos que os produzidos por essas PME, mesmo que o salário e a segurança social fossem ZERO!

E sem a reposição do poder de compra dos cidadãos, o desemprego continuará a subir em flecha, derivado dessas políticas de austeridade, com a agravante de que com a diminuição geral das vendas das PME (mesmo das PME produzindo produtos de excelente qualidade) , as receitas fiscais do estado tendem a encolher (baixa a colecta  do IRS e do IVA) ao mesmo tempo que sobem as despesas sociais com o desemprego que não parará de subir em flecha, enquanto se mantiverem as "políticas de austeridade governamentais".  

c) Por isso Cavaco Silva está a querer enganar os portugueses, ao falar exclusivamente das PME exportadoras. Cavaco ao omitir as PME que produzem para o mercado interno está a revelar-nos que aceita a insolvência das mesmas, e que aceita consequentemente o desemprego crescente que a insolvência das mesmas acarreta. Numa palavra, Cavaco ao omitir o problema da insolvência das PME que produzem para o mercado interno, derivado das políticas de austeridade governamentais (impostas pela TROIKA e não só), está a negar ser o  Presidente de todos os portugueses, já que aceita a condenação à insolvência das PME respectivas bem como o desemprego dessa forma deliberadamente provocado.    

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