terça-feira, 7 de agosto de 2012

MÁXIMO LUCRO VERSUS DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL!

Todos nós (empregados, desempregados, jovens licenciados ou sem formação literária, jovens técnicos e jovens sem formação profissional) já sabemos que, por que não há poder de compra dos cidadãos em geral (que são os tais empregados, desempregados, jovens, ...) as empresas retraem a sua produção, e enquanto a animação do lado da procura (do lado dos cidadãos) não se verificar, tudo irá continuar no mesmo marasmo ou piorar.

A economia é a rainha das ciências sociais, por isso deve procurar soluções económico-sociais e não meramente economicistas.

Mas a economia não tem a ver com a moral, com a religião, o que não quer dizer que não saiba integrar nos seus modelos de análise a ética da responsabilidade social, nomeadamente quando a ética se torna um valor material a não desconsiderar na realidade económico-social em causa.

É o caso da vertente ecológica, a qual se não tida em devida conta pode já sujeitar as empresas a multas pesadíssimas ou à própria inviabilidade económica. E à medida que a ecologia se vai assumindo como vertente incontornável do desenvolvimento sustentável, e ditando dessa forma e socialmente as "práticas de excelência", maior tenderá a ser o seu peso como variável presente nos modelos de análise económica visando o desenvolvimento económico-social sustentável.  

Será cada vez mais o caso da vertente "direitos dos animais", à medida que se vai tornando incontornável nas sociedades em geral,  que os animais têm, tal como nós seres humanos, uma identidade natural específica: são seres sencientes (pois se têm cérebro, sistema nervoso e órgãos sensoriais tal como nós seres humanos), e como tal se vai tornando insuportável que não tenham direitos a terem direitos nomeadamente de personalidade jurídica. A lei 92/95 que estabelece os parâmetros da protecção animal, vai nesse sentido, embora os "interesses económicos instalados" ainda consigam corromper o legislador (a Assembleia da República e o Governo), no sentido de considerar excepções a essa lei. É o caso vergonhoso para o nosso país das touradas (o animal touro é de facto sujeito a práticas de violência cruel que lhe produzem lesões irreversíveis) e o caso do tiro aos pombos. Em ambos estes casos o legislador evidenciou a sua capacidade de ser corrompido pelos interesses instalados, levando-o a elaborar leis gerais e uniformes que depois se transformam em leis à medida desses interesses!

O facto indesmentível é que nas actuais economias de mercado, estas se caracterizam pela apropriação privada da riqueza produzida socialmente, e por essa via as empresas seguem inflexivelmente as leis da maximização do lucro para o accionista, (que de acordo com o sistema vai procurar acumular e concentrar ao máximo, visando o maior poder económico possível - o qual passa também pela subordinação do poder político sem o qual os monopólios não poderiam funcionar em pleno).

A maximização do lucro como objectivo central das economias de mercado, implica que os modelos de análise económica fiquem truncados na sua vertente economicista, desprezando enquanto possível em geral quer a vertente humana, quer a vertente dos equilíbrios ecológicos, quer a vertente animal. Isto é, só a força material dos valores éticos (na área da responsabilidade social -equidade e justiça social; na área eco-ambiental - equilíbrios ecológicos; e na área animal - respeito integral pela senciência dos animais) plasmados nas leis da sociedade (sejam leis da AR, do Governo ou Regulamentos/Directivas da UE) obrigarão a ciência económica, nas economias de mercado, a contemplar nos respectivos modelos de análise as variáveis relativas á natureza e aos animais, com o seu peso adequado e relativo.

Por isso a economia de mercado convive bem com o desemprego (mais de vinte milhões de desempregados só na UE), convive bem com os lucros obtidos à custa da crueldade cometida contra os animais (não só não lhes reconhece direitos, como os considera como meras "coisas móveis") e não respeita os equilíbrios ecológicos (a natureza é agredida selvaticamente em nome do lucro e da sua maximização).

E as ditas forças liberais (neo-liberais) da economia de mercado defendem sempre mais flexibilidade nas leis laborais (querem 100% de liberdade de despedimento dos trabalhadores ao mínimo custo, o que equivale a zerar os direitos destes), defendem que os animais são meras "coisas" e como tal não têm direitos, e que os equilíbrios ecológicos têm de ser subordinados ao "crescimento económico". E poderíamos acrescentar que as forças neo-liberais são coerentes com o funcionamento da economia de mercado, e com o seu objectivo central de maximização do lucro.

Os movimentos (forças) sindicais, os movimentos (forças) ecológicos, e os movimentos (forças)"animalistas", conduziram paulatinamente ao conceito de "desenvolvimento sustentável": doravante os modelos de análise económica devem contemplar as variáveis ligadas à felicidade e ao bem estar social e familiar dos cidadãos, variáveis ligadas ao respeito pelos habitat dos animais, à sua felicidade e ao seu direito à dignidade,  inseparável do reconhecimento científico da sua senciência, e variáveis ligadas à sustentabilidade dos recursos naturais, dos equilíbrios ecológicos e ao bem estar do eco-sistema.

Todas essas variáveis (humanas, animalistas e ecologistas) ligadas ao desenvolvimento sustentável, são grãos de areia na engrenagem do "maximo lucro" perseguido pelas economias de mercado, e como tal são contestadas pelas ditas forças políticas neo-liberais, as quais não perdem a oportunidade de lhes retirar força legal (a tal luta pela desregulação da economia  a todos os níveis, ou seja a luta pelo "laisser faire, laisser passer") sempre que conquistam o poder político.

A conclusão é óbvia: só as forças políticas sociais democratas (verdadeiramente social-democratas e não apenas assim tituladas, como acontece no caso português) e socialistas, aliadas aos movimentos (forças) sindicais, animalistas e ecologistas) serão capazes de lutar coerentemente pelos objectivos ligados ao desenvolvimento sustentável, o qual contempla obrigatoriamente uma economia solidária, perseguindo os objectivos do pleno emprego e do equilíbrio populacional, amiga dos direitos dos animais e respeitadora da sua senciência, e amiga da Natureza e respeitadora dos equilíbrios do eco-sistema natural. Falar-se-ia então em Economia Social de Mercado, para marcar a valoração, com força legal, dos objectivos relativos à equidade social, aos direitos dos animais e ao eco-sistema.

Como é óbvio o jogo da democracia tende a pôr no poder de forma alternativa ora as forças políticas defensoras do desenvolvimento sustentável (as quais plasmam na medida do possível em leis os valores éticos ligados à equidade social, aos direitos dos animais e ao respeito pelo meio ambiente), ora as forças defensoras da "desregulamentação" (neo-liberais) amigas da economia de mercado pura e dura, sem contemplações com os direitos dos trabalhadores, dos animais e dos eco-sistemas, ou seja contempladora da única lei que serve essas economias de mercado: a lei  do máximo lucro e da sua maximização possível (procurando efectuar o retrocesso legal alcançado nas áreas dos direitos sociais de quem trabalha, dos direitos dos animais e da natureza).

O VOTO É SEU POR ISSO SE DEFENDE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NAS SUAS VERTENTES HUMANA, ANIMALISTA E ECO-AMBIENTAL, ENTÃO VOTE BEM!

  


  








Sem comentários:

Enviar um comentário