domingo, 27 de janeiro de 2013

REGRESSEI AO MERCADO: tenho um novo cartão de crédito! Vou emigrar!

Ir ao mercado é  o que fazemos quotidianamente quando nos vamos abastecer de bens alimentares essenciais á nossa sobrevivência nos respectivos super e hiper mercados.
Compramos a dinheiro (quando o temos) ou com cartão de crédito (quando o temos, e enquanto  esse cartão tem plafond de crédito disponível). Os super e hiper mercados recebem o dinheiro de imediato, mas nós beneficiamos de crédito concedido pelo banco.

Mas se nós não pagarmos as prestações de crédito utilizadas, o banco corta-nos o crédito, para além de nos meter em tribunal e penhorar os nossos bens. E isso acontece quando por exemplo ficamos sem os rendimentos do trabalho, por a empresa ter declarado a insolvência, ou por termos sido despedidos, e  por não termos rendimentos alternativos.
Também deixamos de cumprir quando o Governo resolve expropriar parte dos nossos rendimentos, seja de forma directa (corte de subsídios de natal e de férias), seja por nos impor um enorme aumento de impostos (dizendo com humor negro que somos um povo maravilhoso sempre disposto a mais sacrifícios).
Como depois dessa expropriação pública dos nossos rendimentos do trabalho e da reforma, o nosso rendimento disponível passa a ser insuficiente: para pagar a prestação da casa, as propinas do ensino público, os passes do transporte, a alimentação, a saúde, ..., algo vai ficar para trás. Em geral começamos por entregar a casa ao banco, mas cedo chegamos á conclusão que temos é de emigrar com filhos e tudo, e dizer mesmo adeus pátria (até por que a pátria agora tem novos donos, anónimos, accionistas das grandes multinacionais, que até podem ser grandes traficantes da droga, seja farmacêutica, seja da outra (que é vendida a peso de ouro, por ser de venda proibida).
Mas se formos ao Banco e dissermos que temos um avalista, que em caso de ficarmos desempregados, ou mesmo totalmente insolventes, ele assumirá a nossa dívida, então o banco pode dar-nos um novo cartão de crédito, ou aumentar o plafond de crédito anterior.
A isso chama-se ir de novo ao mercado do crédito! Uma festa, pois apesar de ficarmos mais endividados, e de continuarmos a não imaginar sequer como vamos pagar os juros da dívida anterior (a nova dívida só pode ser mesmo para esquecer) , acabamos por ganhar uma grande vantagem nova: a de nos endividarmos mais!
O nosso Governo faz o mesmo, e o avalista chama-se BCE.
Ora se o Governo faz o mesmo, então é por que a economia portuguesa vai começar a enriquecer , em vez de milhares de novas falências, iremos ter novas PME resultantes de novo investimento, como isso representa mais negócio, então os nossos salários irão aumentar, pois caso contrário as novas PME iriam de novo á falência pois não teriam a quem vender, e com isso, o estado irá ter mais receitas fiscais, podendo afinal até baixar os impostos, o que irá propiciar ainda mais negócios novos, empregos novos, mais rendimento disponível nos nossos bolsos, logo até poderemos afinal começar a livrar-nos dos cartões de crédito ...
Mas e se a política de austeridade, quer dizer de expropriação pública dos nossos rendimentos de trabalho e de reforma continuarem? Lá irão as falências das PME continuar, o desemprego a disparar, os rendimentos a mingarem, ...
Não há problema, se o Estado está falido e ainda lhe dão crédito novo para ficar cada vez mais falido (o crédito novo começa a ser insuficiente para pagar sequer os juros do crédito velho), então por que haveria de ser diferente para nós trabalhadores e reformados? Além do mais já percebemos que neste país "dos outros" (do capital estrangeiro) já não nos safamos: salários de miséria, trabalho precário, impostos a comerem a prestação da casa .... Ora se vamos emigrar para que queremos os tarecos: os bancos que fiquem com eles, e que lhes faça bom proveito!
Azar azar seria mesmo alguém de nós, sobretudo ainda adulto jovem e com uma licenciatura para piorar, conseguir por cá um trabalho precário, mal pago, que nem para a renda de aluguer do quartito dá! 

Adeus pátria nem que seja para a Irlanda onde numa semana esse cidadão jovem português, ganhará numa semana o que em Portugal ganharia num mês, isso se tivesse o azar de conseguir esse trabalho escravo em Portugal!   

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